Como a Artrite Encefalite Caprina (CAE)

pode prejudicar sua produção

 

*Raimundo Rizaldo Pinheiro

Médico veterinário,mestre em Patologia Experimental e Comparada pela USP,

Doutor em Ciência animal pela UFMG e pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos. 

 A moderna produção pecuária deve ser fundamentada na exploração animal em condições de bem-estar, com alta produtividade, visando o atendimento das necessidades humanas, sendo essencial o controle dos custos da produção, e o conhecimento de fatores que interferem  na saúde animal. Essa produção deve ser entendida não somente como a ausência ou presença de determinada doença, mas sim, como um conjunto de condições que determinam as características produtivas de uma população animal em um momento e num espaço concretos. 

Em todo o Brasil, tem-se observado uma crescente demanda por leite de cabra, bem como a necessidade de inserção no mercado consumidor, de novos produtos lácteos de origem caprina. Para tanto, têm surgido núcleos de criação de caprinos de raças de origem exótica, os quais fornecem animais de qualidade para serem usados no melhoramento genético. Essas mudanças na forma de produção introduziram novos componentes (animais importados, agentes patogênicos, tecnologia) e relações de produção que culminaram em alterações no perfil sanitário. Assim, além dos problemas sanitários clássicos, outros novos têm sido identificados, dentre eles a infecção pela Artrite Encefalite Caprina (CAE), hoje, motivo de preocupação das autoridades sanitárias que necessitam implantar medidas de controle e profilaxia.

A CAE é uma enfermidade contagiosa causada por vírus da família dos lentivírus, que pode ocasionar sintomas como inflamações na glândula mamária, pneumonia, articulações e encefalite. Ela é incurável e apresenta alta prevalência em rebanhos leiteiros nacionais, determinando perdas econômicas, devido à redução do peso dos cabritos ao nascer; redução na eficiência reprodutiva entre as cabras multíparas; queda da taxa de crescimento antes e depois do desmame; redução expressiva dos níveis de proteína; morte de animais jovens; perda de peso e debilidade em animais adultos em função da dificuldade de locomoção; perda de material genético e descarte precoce de caprinos. Os prejuízos diretos e permanentes significam perdas de animais e redução do lucro, e as perdas indiretas também são significativas, decorrendo da desvalorização dos rebanhos e das barreiras comerciais para produtos de multiplicação animal, ou seja, matrizes, reprodutores, sêmen e embriões, dentre outras.